sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Sinto Muito



Eu não soube evitar e não sabendo esconder, você me leu.
Flagrei você me flagrando me decifrando e seu
olhar corretamente me acusando.
Sinto muito sentir uma dor que parece rasgar
minh’alma, sabendo-me sem bálsamos.
Não queria estar passando porque passo, porque não passa!
Sinto muito não ter sabido mante-la perto, não
sendo esperto dormi nas minhas esquinas.
Não queria faze-la chorar, pensando-me caso perdido,
escondido no gelo escandinavo.
Sinto muito vê-la de outro, outro a tendo numa
tenda dele e eu que entenda.
Sei que a fiz esperar demais, e demais é muito para
quem tinha um só, que era eu.
Era, e sinto muito por isto a ponto de pensar num
ponto final da vida, que não é com a condenação sem você.
Sinto muito e procurarei perdoar-me para de pois lhe
rogar perdão pelas perdas.
Sinto muito por não saber agora traduzir em palavras
 a dor da realidade de sabe-la nunca mais.
Sinto muito, e como dói!

Francisco Veloso

Como um raio



Foi como colocar 2007 em l980 em 30 segundos.
De repente ouvimos Bruce, Rod,Elton, Clapton, Milton. Jobim, Cartola e outros.
Lembranças há muito estocadas nos escaninhos mais
profundos de minh’alma e depois soube,... das nossas.
Pareceu-me um choque paralisante, um avesso abrupto a 220 km por hora.
Foi gostoso,... foi doloroso,... foi suave,...
foram lágrimas contidas,...foi um tremor de São Guido,...
foi dolorido e tremendamente esperançoso dizermos “oi” em
Foi meio sem graça,... todo cheio de graças!
Lembrei-me de um grande prédio de Vegas que caiu sob efeito de dinamites.
Que valeram os nãos que nos dissemos neste tempo todo;
as cercas que levantamos e os mentirosos “nunca mais”
que cada um disse a si mesmo ?
Um raio nos atingiu no meio brisas.
Um raio nos atingiu nos mares de nossas mesmices,... provocando ondas.
E o que fazer se não tínhamos pára-raios?
Surfaremos nestas ondas e vamos ver em que praia nos deitaremos.
Sim,... foi como um raio que agiu como um não odiado despertador.
Foi bom para você?

Francisco Veloso

Tempos Vazios


Desligo o celular.
Desconecto o telefone fixo.
Não abro os e-mails.
Não ligo a TV.
Emudeço o rádio.
Fecho os livros.
Não abro a porta.
Mergulho em mim a procura do que restou em meus kosovos.
Aqui e acolá, cicatrizes meretrizes que perambulam minhas emoções.
Choro lá dentro porque aqui fora não tem quem as enxuguem.
Grito bem forte porque aqui foram não temos ouvidos para
estes jurássicos decibéis.
Debilitado volto a realidade e entro na dança dos hipócritas
e travisto-me num deles.
Liberto as comunicações selos senões da minha chegada aos quandos.


Francisco Veloso