Acordo e olho para ela ainda no sono, e sem que ela sinta ou veja, descrevo-a-mim.
É uma deusa grega que se agregou à minha alcova, e agora só ela que não sabe é a eleita.
Não vejo nela minha posse, porque se posso um dia perde-la, perco-me em minhas esquinas.
Ela tem nome, mas possui adjetivos saborosos: mel, pedaço de céu, melhor vinho em meu tonel, alegria constante, louro deste amante, ouro amealhado numa mina chamada vida, agora sem dívidas.
O prazer que horas ela me deu não é encontrado n’outra.
O playground que é o seu corpo é o quintal do menino contido em mim.
Ela não gargalha; sinfonia nos meus tímpanos.
Os seus sorrisos são meus eternos e procurados sims.
O seu andar é um arauto que anuncia em balanços as doçuras encontradas em poucas.
Mas.....
Aí eu acordo e vejo que não via.
O outro lado vazio é o reflexo do centro de minhas emoções.
O sonho perfeito lança-me agora ao pesadelo da realidade, maldade que pratiquei contra mim mesmo.
A mulher perfeita que nasceu ruída causa agora ruídos mudos em surdos silêncios em minha Patmos.
Perfeito engano.
Francisco Veloso